Como já abordei aqui nesse
pequeno espaço de reflexão e desabafo, em razão da realização da Copa do Mundo
no Brasil, todas as escolas de Belo Horizonte têm de compensar o período sem
aulas durante a Copa, com alguns sábados letivos.
Desse terrível limão que é dar
aula aos sábados, meu amigo Léo e eu, fizemos uma deliciosa limonada para nossos
alunos da disciplina Estado, Administração Pública e Sociedade no Brasil, da
UNI-BH. Decidimos, mais uma vez, fazer algo juntos, já que juntar alunos de cursos
diferentes sempre é uma ótima oportunidade de aprendizagem.
Dessa, vez, além do viés artístico e cultural, sentimos que era preciso mostrar aos nossos
alunos como a Sociedade (um dos focos da disciplina) enxerga o Estado e a
Administração Pública (os outros dois focos).
Assim, a aula de sábado foi
dividida em dois momentos: uma visita a uma exposição de artes um trabalho de campo.
A disciplina na visão do artista
A parte artística se deu com uma
visita ao Cine Theatro Brasil Vallourec.
Localizado no coração da capital mineira, o prédio, construído da década de 1930, é um dos principais símbolos da
cultura belo-horizontina, de seus valores, hábitos e costumes. Esse importante espaço cultural deixou de funcionar no ano 2000, sendo reinaugurado no ano de 2013. A visita
a esse prédio histórico, por si só, já seria de imensa valia, vez que todos nós ficamos entusiasmado com os detalhes de engenharia que ficam expostos no interior do prédio.
Estando lá, visitamos a a
exposição de Ângelo Issa: Sentido Obrigatório.
Segundo o próprio artista:
“A mostra “Sentido Obrigatório”
sai do ambiente light e mostra o lado
heavy de meu trabalho
[sic]. Fala de
pessoas pressionadas pelo caráter obrigatório e proibitivo de nossas leis.
Pessoas
responsáveis que são encurraladas por leis oportunistas, na maioria das
vezes aprovadas por
interesses particulares, sem qualquer estudo prévio de sua
aplicabilidade ou consequência. Pessoas que perderam a credibilidade em nossas
autoridades e que se sentem ameaçadas pela
crescente corrupção e fragilizadas
pelo excesso de leis [...]”
A temática está, como se vê,
diretamente relacionada com a disciplina, uma vez que a relação do Estado com a
sociedade, se dá, também, por meio de leis. Com efeito, a característica
proibitiva de muitas de nossas leis foi motivo de discussão em algumas aulas
passadas.
Foi interessante ver o esforço
dos alunos para interpretar as pinturas e fazer relação com o que foi discutido
em sala de aula.
Mas o que diz o povo?
A UNI-BH possui um sistema de ensino moderno e a interdisciplinariedade está presente durante todo o curso, em todos os cursos. Prova disso é o Trabalho Interdisciplinar de Graduação (TIG), trabalho semestral em que, diante de uma temática definida, os alunos devem envolver todas as disciplinas.
Com efeito, nesse semestre, os alunos do curso de Gestão Pública abordarão a corrupção na Administração Pública brasileira enquanto que os alunos do curso de Segurança Pública, abordarão as ações de segurança pública no contexto da Copa do Mundo.
Assim, nessa segunda parte das aulas, dividimos os alunos nos grupos do TIG e pedimos que fossem a alguns dos lugares mais movimentados da
capital (Praça Sete, Rodoviária, Praça da Estação e Parque Municipal) e
tentassem conversar com, pelo menos, trinta pessoas sobre assuntos gerais da
nossa disciplina, bem como sobre alguns assuntos específicos do TIG.
Algumas perguntas seriam comuns às duas turmas e outras voltadas para o respectivo TIG. As perguntas comuns foram as seguntes:
1) O que significa o Estado para
você?
2) Você sabe quais são as
diferenças dos papéis da União, do Estado e dos municípios na nossa Federação?
3) Você sabe quando procurar os
poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário?
Os alunos de gestão pública
fizeram perguntas específicas sobre a corrupção no Brasil e os de Segurança
Pública sobre a realização da Copa do Mundo.
Sabemos que o questionário não
tem nada de científico e a amostra não nos ajudará a chegar a conclusões
científicas, entretanto, o resultado positivo da atividade foi claramente
percebido ao ver o entusiasmo dos alunos ao relatarem a experiência.
Todos estavam eufóricos: conversaram com aposentados,
militares, turistas, moradores de albergues e ambulantes. Perceberam que grande parte dos entrevistados não têm conhecimentos básicos que influenciam na conduta cidadã.
Conversa no Parque e conclusões