terça-feira, 29 de abril de 2014

Do limão à limonada


Como já abordei aqui nesse pequeno espaço de reflexão e desabafo, em razão da realização da Copa do Mundo no Brasil, todas as escolas de Belo Horizonte têm de compensar o período sem aulas durante a Copa, com alguns sábados letivos.

Desse terrível limão que é dar aula aos sábados, meu amigo Léo e eu, fizemos uma deliciosa limonada para nossos alunos da disciplina Estado, Administração Pública e Sociedade no Brasil, da UNI-BH. Decidimos, mais uma vez, fazer algo juntos, já que juntar alunos de cursos diferentes sempre é uma ótima oportunidade de aprendizagem.

Dessa, vez, além do viés artístico e cultural, sentimos que era preciso mostrar aos nossos alunos como a Sociedade (um dos focos da disciplina) enxerga o Estado e a Administração Pública (os outros dois focos).
Assim, a aula de sábado foi dividida em dois momentos: uma visita a uma exposição de artes um trabalho de campo.

A disciplina na visão do artista

A parte artística se deu com uma visita ao Cine Theatro Brasil Vallourec. Localizado no coração da capital mineira, o prédio, construído da década de 1930, é um dos principais símbolos da cultura belo-horizontina, de seus valores, hábitos e costumes. Esse importante espaço cultural deixou de funcionar no ano 2000, sendo reinaugurado no ano de 2013. A visita a esse prédio histórico, por si só, já seria de imensa valia, vez que todos nós ficamos entusiasmado com os detalhes de engenharia que ficam expostos no interior do prédio.

Estando lá, visitamos a a exposição de Ângelo Issa: Sentido Obrigatório. Segundo o próprio artista:


                   “A mostra “Sentido Obrigatório” sai do ambiente light e mostra o lado heavy de meu trabalho 
                  [sic]. Fala de pessoas pressionadas pelo caráter obrigatório e proibitivo de nossas leis. Pessoas 
                  responsáveis que são encurraladas por leis oportunistas, na maioria das vezes aprovadas por 
                 interesses particulares, sem qualquer estudo prévio de sua aplicabilidade ou consequência.                            Pessoas que perderam a credibilidade em nossas autoridades e que se sentem ameaçadas pela 
                  crescente corrupção e fragilizadas pelo excesso de leis [...]”



A temática está, como se vê, diretamente relacionada com a disciplina, uma vez que a relação do Estado com a sociedade, se dá, também, por meio de leis. Com efeito, a característica proibitiva de muitas de nossas leis foi motivo de discussão em algumas aulas passadas.

Foi interessante ver o esforço dos alunos para interpretar as pinturas e fazer relação com o que foi discutido em sala de aula.



Mas o que diz o povo?


A UNI-BH possui um sistema de ensino moderno e a interdisciplinariedade está presente durante todo o curso, em todos os cursos. Prova disso é o Trabalho Interdisciplinar de Graduação (TIG), trabalho semestral em que, diante de uma temática definida, os alunos devem envolver todas as disciplinas.

Com efeito, nesse semestre, os alunos do curso de Gestão Pública abordarão a corrupção na Administração Pública brasileira enquanto que os alunos do curso de Segurança Pública, abordarão as ações de segurança pública no contexto da Copa do Mundo.

Assim, nessa segunda parte das aulas, dividimos os alunos nos grupos do TIG e pedimos que fossem a alguns dos lugares mais movimentados da capital (Praça Sete, Rodoviária, Praça da Estação e Parque Municipal) e tentassem conversar com, pelo menos, trinta pessoas sobre assuntos gerais da nossa disciplina, bem como sobre alguns assuntos específicos do TIG.

Algumas perguntas seriam comuns às duas turmas e outras voltadas para o respectivo TIG. As perguntas comuns foram as seguntes:

                          1) O que significa o Estado para você?
                          2) Você sabe quais são as diferenças dos papéis da União, do Estado e dos municípios na                           nossa Federação?
                          3) Você sabe quando procurar os poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário?

Os alunos de gestão pública fizeram perguntas específicas sobre a corrupção no Brasil e os de Segurança Pública sobre a realização da Copa do Mundo.

Sabemos que o questionário não tem nada de científico e a amostra não nos ajudará a chegar a conclusões científicas, entretanto, o resultado positivo da atividade foi claramente percebido ao ver o entusiasmo dos alunos ao relatarem a experiência.

Todos estavam eufóricos: conversaram com aposentados, militares, turistas, moradores de albergues e ambulantes. Perceberam que  grande parte dos entrevistados não têm conhecimentos básicos que influenciam na conduta cidadã.


Conversa no Parque e conclusões

Para encerrar a atividade, reunimos os alunos no Parque Municipal e ouvimos seus relatos entusiasmados. A ideia agora é juntar os dados colhidos e tentar produzir em conjunto algum produto.