quinta-feira, 17 de abril de 2014

Uma tarde no Museu

Sempre gostei de história. No colégio sempre fui um dos melhores da turma nessa disciplina. Talvez venha daí a minha escolha pela área de humanas. Sei que gostava muito da disciplina, também, por causa das incontáveis excursões feitas à Sabará e Ouro Preto.

Excursão era muito legal. Era dia de levar Chips e refrigerante e filar outras guloseimas dos colegas. Era dia de muita diversão e musiquinhas pouco instrutivas nos ônibus. De quebra, ainda aprendíamos algumas coisas.

Graças a essas viagens, aprendi muito sobre história do Brasil e, principalmente, me tornei uma pessoa sensível às questões dos negros. Ver uma senzala de perto, provocou em mim sentimentos que, até hoje, não consigo descrever, mas tenho certeza que moldaram meu caráter.

O tempo de Colégio Batista ficou pra trás e acabei me esquecendo da importância desses passeios culturais para o aprendizado.

No ano passado, durante uma viagem à Europa com minha família, aquele sentimento voltou. Andando pelas ruas e museus de Londres e Paris, ficava o tempo inteiro tentando me recordar das  histórias que aprendi no colégio: Absolutismo, Revoluções Burguesas, Primeira e Segunda Guerras Mundiais tinham acontecido ali e estava tudo tão presente... Me lembro de dizer para minha esposa: "quero trabalhar muito, para ter condições de trazer nossos filhos aqui, quando eles estiverem estudando história."

Eu sabia como era fascinante ver de perto o objeto do seu estudo. Me impressionou, ainda, o fato de que, em todos os museus que visitamos, estava havendo alguma aula. De artes, história ou ciências. As crianças ali viam com seus olhos aquilo que os livros retratam.

Sem me lembrar das excursões do Colégio Batista, disse muitas vezes que os estudantes brasileiros não tinham essa oportunidade.

Percebi o meu engano esse semestre, graças ao fato de que, em razão da Copa do Mundo, o calendário escolar em Belo Horizonte ganhou alguns sábados, em troca de aulas no mês de junho.

Na UNI-BH, estou lecionando a disciplina "Estado, Sociedade e Administração Pública no Brasil", no curso tecnólogo de Gestão de Segurança Pública, na UNI-BH. Faz parte do programa da referida disciplina, a formação social do povo brasileiro e a construção do sentimento de nação. 

Pensando em tornar uma dessas aulas mais atrativas, meu amigo Leonardo Ladeira, que leciona a mesma disciplina em outro curso, sugeriu que fizéssemos uma vista (excursão) ao Circuito Cultural Praça da Liberdade. A ideia era tentar visitar, pelo menos, três equipamentos culturais. 

Olha a cara de alegria do povo

Ao chegar no Centro Cultural Banco do Brasil, porém, percebemos que não ia dar pra ir em nenhum outro. Estava acontecendo ali, a exposição de fotografias "Um olhar sobre o Brasil", com fotos que retratam os principais momentos do Brasil no período que vai de 1833 a 2003.

Eu me diverti horrores, mas pude perceber em cada um dos meus alunos, aquele sentimento que tive em Ouro Preto, Sabará e, depois, Londres e Paris: "a gente viu isso em sala de aula..." "Prof., isso é aquilo que você falou..."

Me senti duplamente realizado: primeiro como educador, por ter propiciado essa experiência aos meus alunos. Alguns deles, nunca tinham ido a um museu. Depois, como brasileiro mesmo. Sabemos que o sentimento de nação passa por questões históricas, culturais, linguísticas e etc. Uma exposição como essa, nos faz ter mais forte esse sentimento nacionalista.

Para encerrar, vou citar alguns trechos dos relatórios entregues por meus alunos na aula de ontem:

Hugo Leonardo Gomes: "Foi uma aula diferente, muito descontraída e de grande aprendizado. Nessa exposição, foi possível vivenciar, de forma ilustrativa, tudo aquilo que aprendemos dentro de sala de aula e ainda agregar outros conhecimentos da formação cultural e politica do Brasil."

Wemerson Augusto Duarte: "Eu, como aluno da UNI-BH, me senti realizado com avisita ao CCBB, indicando como parada obrigatória para qualquer pessoa que esteja visitando a cidade. Quem for, certamente sairá com um pouco mais de conheimento e cultura."

Lilian Ednaile Correia: "Foi uma aula de oportunidades, onde pudemos adquirir conhecimentos sobre nossa história. Um incentivo para que possamos ter gosto em conhecer mais sobre nosso país."