Desde que me comprometi a escrever, como torcedor, as
análises pós-jogo do Portal Galo Forte e Vingador, venho tentando retratar aquilo
que realmente sinto. Dessa forma, procurei não escrever nada após a derrota
para o Goiás no Horto.
O torcedor que fala demais na hora da derrota corre o risco
de ser como aquele marido corno que, depois de fazer escândalo e expulsar a
mulher de casa, vai buscá-la com flores na casa da mãe. Já vi torcedores
mandando nossos ídolos embora e depois, arrependidos, fazerem declarações
públicas de amor.
Enfim, para não cometer o mesmo erro, e por não entender bem
o que estava sentindo, decidi adiar em um dia esse texto. Já que também não
escrevi nada após a eliminação da Libertadores, passarei por ela também.
Ao contrário da grande maioria dos torcedores (tomei por
base os que assistem aos jogos perto de mim e os que sigo no twitter) não
fiquei muito puto com o jogo do feriado do trabalhador. Pra mim é muito claro
que ganhar e perder faz parte do esporte e, se formos justos, não fizemos por
merecer a classificação.
Embora eu realmente acreditasse no título (o sobrenatural
poderia atuar novamente), os números do Galo na Libertadores não eram muito
animadores. Não me apego às estatísticas, mas não esqueço que o goleiro do
Zamora tinha um metro e meio de altura e, depois de cento e oitenta minutos,
não conseguimos saber se ele é bom ou não.
Contra o Atlético Nacional a escrita se repetiu: além do gol
e dos foguetes no Ouro Minas, não me lembro de termos assustado o time deles
também. O goleiro deles fez alguma defesa? Não me lembro.
Apesar disso, repito, fiquei bem. Cheguei em casa e, ao
contrário da grande maioria das derrotas, conversei com minha esposa, ri de
situações do jogo e dormi em paz. Não quis, porém, saber de nada do pós-jogo:
não vi os gols, as entrevistas dos protagonistas, as provocações azuis... Ou
quase nada. Do pós-jogo, eu só queria saber de uma coisa: domingo eu estaria lá
para apoiar! Independentemente dos compromissos e do frio do domingo, eu tinha
de estar ali para, mais uma vez, demonstrar meu amor ao Galo!
Das cadeiras verdes do Santuário do Horto, pude presenciar
um dos piores jogos da minha vida. Não que esse time seja tão ruim como outros
tantos que já vi defendendo as cores do Galo, mas a atmosfera, o frio, a falta
de conhecimento do treinador, tornaram aquele jogo algo duro de aguentar.
Com a eliminação na Libertadores ainda fresca na memória e o
futebol pífio apresentado, foi apenas questão de tempo para que parte da torcida
elegesse seus alvos: Emerson Conceição, Alex Silva, Jô (que saiu machucado), o
técnico Levir (que pra mim mexeu mal demais) e os dirigentes Kalil e Maluf
foram homenageados pelos diversos setores do estádio.
Não concordo com as vaias, mas entendo a reação por parte
dos poucos que se dispuseram a sair de casa numa noite fria para apoiar um time
recém eliminado. Mas gritar olé pro adversário? Isso não! Isso é o cúmulo da cornice!
Esse time, com suas atuais limitações, não precisa das
nossas vaias, das fofocas que nós ajudamos a alimentar das indiretas públicas
do nosso novo treineiro. Esse time, simplesmente pelo fato de jogar com a
camisa do Galo, precisa do nosso apoio. Ainda temos três competições pela frente. Eu vou apoiar e você?