sábado, 3 de agosto de 2013

Até a outra vida

Não é fácil tirar a própria vida. Sempre pensei que essa é, sem dúvida, a decisão mais difícil que pode ser tomada por um ser humano. Por mais que tenhamos decepções, as dúvidas ou fracassos, quando pensamos em acabar com a própria vida, em geral percebemos que pra tudo tem jeito.

Eu mesmo já havia pensado nisso outras vezes. Já me vi envolvido em muitas polêmicas. Já perdi amigos verdadeiros. Já fui incompreendido. Já me decepcionei. Mas sempre esbarrava na falta de um motivo forte o bastante para me fazer acabar com a vida.

O motivo, enfim, apareceu: perdemos o primeiro jogo da final da Copa de Libertadores da América por 2x0. Por mais que eu achasse o resultado normal, me senti um pouco culpado quando vi muitos dos meus amigos amigos fazendo várias promessas "em troca do título". Promessas realmente boas e, como devem ser, relevantes para o promitente e para a sociedade: doação de sangue, cestas básicas e leite, por exemplo.

Eu participaria da promessa de outros (como no caso do sangue, cestas básicas e leite), mas sentia que precisava de uma promessa só minha. Algo que fosse um verdadeiro sacrifício e que, de certa forma, pudesse ter um impacto positivo na vida de alguém. Descobri! Se o Galo for campeão, eu vou pagar uma promessa com minha própria vida! A minha vida pelo Galo! É isso mesmo. Darei a vida pelo Galo (é bonito dizer isso e dá vontade de repetir várias vezes).

A decisão se mostra dura, especialmente porque vivo um momento especial. Fiz novos amigos. Discuto com pessoas muito mais preparadas do que que nos mais diversos assuntos. E, acima de tudo, eu gosto de estar aqui. Gosto da sensação de ser ouvido. De ser levado em conta. Mas, promessa é dívida! Darei minha vida pelo Galo!

Assim, gostaria de agradecer por todo o aprendizado, pelas situações boas e ruins que vivemos juntos, a cada um dos meus 1038 amigos do Facebook e aos mais de 900 seguidores do twitter. A partir de amanhã, essas contas não mais existirão. A minha vida virtual estará, pelo menos por ora, acabada.

Foram quase cinco anos de envolvimento intenso. Essas redes sociais me aproximaram de velhos amigos e me apresentaram muitos novos. Alguns que conheci por meio delas, passaram a frequentar minha casa... Começaram amigos virtuais e viraram amigos pessoais.

A forma de lidar com a informação também mudou com o passar do tempo: comecei querendo saber de tudo e seguindo todo mundo, passei a me envolver com discussões políticas e utilizar as redes como instrumento de trabalho (seja como advogado, professor ou servidor público). Passei a confundir o que era trabalho do que não era. E hoje, na fase mais leve feliz, só sigo atleticano e só falo do Galo.

O que era pra ser uma boa diversão, porém, foi se transformando em um vício. A necessidade de saber o que se passava no mundo ou de stalkear esta ou aquela pessoa passou a fazer parte, de forma muito intensa e prejudicial, em minha vida. Me vi, por inúmeras vezes, cometer a falta de educação de conversar com alguém sem tirar os olhos do celular. Também perdi a conta das vezes que, em bares ou restaurantes, por melhores que fossem as conversas e as companhias, eu simplesmente não parava de consultar as informações nessas redes sociais.

Assim, creio que essa decisão drástica, embora muito sofrida, trará inúmeros benefícios na minha vida pessoal.

Creio que será uma espécie de reabilitação (de um vício que é realmente prejudicial). Ademais, diferentemente do que acredito em minha vida pessoal, penso que nesse caso seria possível uma "reincarnação". Nada impede que eu crie outras contas depois. Assumo o compromisso, entretanto, de manter essa decisão até, pelo menos, o dia do primeiro jogo do Galo no Mundial da FIFA.

Por fim, gostaria de agradecer sinceramente a cada um de vocês. A vida virtual não se encerrará como um todo. Tentarei escrever mais aqui no blog (acessem, please!) e ainda terei minha conta no Instagram. Além disso, vocês sempre podem falar comigo por email (rafas@c1c.com.br) ou pelo whatsapp (31 9629-0389).

Um abraço e vejo vocês em outra vida!

Raphael Maia (@rafasmaia)