terça-feira, 15 de maio de 2012

Um dia incrível

Sou um torcedor fanático. Torço para o Galo desde pequeno, independentemente de qualquer situação. A paixão é assim, não se explica. Na alegria ou na tristeza, sempre estive ao lado do time.
Pergunte a qualquer torcedor como seria o título ideal. Provavelmente, ele diria que seria invicto, ver o time ganhar a final por 3x0, invadir o campo, passear no carro do Corpo de Bombeiros e participar da festa com os jogadores. Pra mim isso seria mais do que um sonho e, por mais incrível que possa parecer, foi o que aconteceu comigo no último domingo.

Era pra ser um jogo como outro qualquer. Uma final de Campeonato Mineiro, com todos os ingredientes para diversão garantida: o rival histórico, o estádio novo, time com vantagem... E parecia um jogo como outro qualquer, até mais ou menos uns 25 minutos do segundo tempo, quando começou a se desenhar um dos dias mais incríveis da minha vida.
Público pagante...

Estava vendo o jogo com meu amigo Daniel Messias, e percebi um certo desconforto do Vice Presidente do Galo, Daniel Nepomuceno. Parece que o Corpo de Bombeiros tinha prometido enviar o carro para desfile e o veículo ainda não havia chegado, Ganhando de 2x0, essa era uma preocupação válida.

Eu disse que resolveria isso pra ele, se pudesse ir para a sede em cima do carro, junto com os jogadores. Como ele concordou, tratei de ligar para alguns ex-alunos bombeiros, que logo me deram o caminho.

A minha parte do acordo estava cumprida, difícil era lembrar o vice presidente da parte dele, principalmente no momento de euforia. Para não perder o time, fui ver o final do jogo do lado da cabine onde estava o Kalil. Quando ele saísse, aproveitaria para acompanhá-lo até o elevador para ter acesso ao campo.

A comemoração do terceiro gol me impediu de ver o presidente saindo. Já era. Não ia rolar. Por sorte, o Daniel Messias viu um dos diretores se dirigindo ao elevador e nós o acompanhamos, como quem não quer nada. 

Chegamos ao nível do campo mas, como era de se esperar, fomos barrados pelos seguranças. Demos a volta, passamos por dentro dos vestiários e conseguimos ter acesso ao campo. Conversamos com vários jogadores, tiramos fotos, demos entrevistas. Tudo na clandestinidade. 

Teve fotos com outros jogadores, mas nem todos merecem aparecer aqui
Olha a boa vontade da Maíra Lemos :-)

Tudo perfeito: eu estava no gramado da Nova Casa do GALO! Vendo a comemoração da torcida de onde os jogadores vêem. Até uma medalha eu ganhei (não pergunte ao Rafael Marques pela medalha dele). Se acabasse aí, já teria sido meu jogo mais divertido. Mas eu queria mais. Queria fazer parte daquela festa.

O Independência é nosso!

100 anos de Campeonato Mineiro
  
Fomos para o caminhão dos Bombeiros e encontramos resistência do Cabo Afonso, certamente o militar mais educado que já vi (fora meus alunos, claro). Coberto de razão, o militar disse que o carro era só para atletas e que nós não poderíamos subir. Com muita educação, chegou a chamar a polícia. Vencemos essa parte também. Subimos no segundo carro. Nós dois, outros atleticanos, o repórter Samuel Venancio e o Mancini - a experiência (e malandragem) deste merecia um post a parte.

Capa do jornal Super (eu sou esse de blusa listrada)


Rodamos a cidade em cima do carro do Corpo de Bombeiros. Cantamos o hino, e músicas de campeão. Pudemos sentir a paixão da torcida no olho de cada um que corria loucamente atrás do caminhão. Emocionado até onde dava. Sensacional!

A ideia era chegar na sede, descer do carro dos Bombeiros e pegar um táxi pra casa. A multidão que tomava conta das ruas, porém, contribuiu para um desfecho mais triunfal. A torcida enlouquecida começou a invadir o caminhão e os seguranças tiveram um trabalho danado para conseguir colocar os jogadores pra dentro da sede. Me perdi do meu camarada Daniel, tomei alguns pisões e já estava pronto para ir embora sozinho. Neste momento, a Adriana Branco pegou na minha mão (sem me conhecer, claro) e me levou pra dentro da sede, "como um dos nossos".

Vídeo extraído do blog http://camisadoze.net/

Pronto! Estava no meio da festa dos jogadores. Da janela eu via uma multidão de apaixonados, carentes de ídolos e de títulos, que, naquele momento, não se importavam com nada. Seu time era campeão! Era preciso comemorar! Como todo apaixonado, as mágoas passadas haviam sido esquecidas e o motivo da alegria era maior do que qualquer tristeza do passado. Como é bom ser atleticano! Como é bom fazer parte dessa massa de apaixonados! Como era bom estar ali e poder representar cada um daqueles 10 mil torcedores que estavam do lado de fora. 
A taça é nossa, massa!

Para minha surpresa, fui convidado, também, para a festa da diretoria no restaurante "A Favorita". Até fui, mas demorei a ir. Fiquei um bom tempo na janela da sede, admirando a torcida. O amor e a alegria de milhares de atleticanos que fazem com que o time exista até hoje.

Pude perceber que o pior já passou e o time só sobreviveu por causa dessa massa tão conhecida pelo mundo inteiro.
10 mil apaixonados declarando seu amor!
No maior estado de euforia possível, voltei pra casa e encontrei minha esposa de ótimo humor. Coitada, ouviu cada parte dessa história umas três vezes antes de dormir :-) 

COISAS QUE EU ACHO:

A primeira conclusão que eu tirei de tudo isso é que o jogador tem tudo nas mãos: boa estrutura, salários em dia e uma torcida apaixonada que, por si só, já justificaria toda dedicação do mundo. Ver aquilo ali do lado deles é impressionante. 

Penso, também, que o time só sobreviveu às crises dos anos 2000 porque a torcida carregou. Se não fosse a gente, teria afundado mais ainda.

Por fim, os jogadores de hoje não fazem a mínima ideia do que isso representa. Deveriam aprender com histórias do passado, como a do quadro abaixo

Diz a legenda: Atlético 1x0 Cruzeiro, 1952. No dia da morte de seu pai, Ubaldo pede para jogar o jogo decisivo



quarta-feira, 9 de maio de 2012

Ainda um jovem professor

Não é fácil a vida de um jovem professor. Menos ainda a de um professor jovem. Muitas são as dúvidas e desconfianças dos alunos ao se deparar com alguém, muitas vezes, mais novo do que eles. Nesse curto espaço de tempo (comecei a lecionar em 2008) senti na pele todas essas dificuldades. No meu caso, um pouco agravada devido aos sintomas do TDAH. Mas esse não é um post de lamentações...
Creio que a gente vai aprendendo. Sei que cometi muitos erros: não fazia chamada, provas sempre em dupla e com consultas e, certamente, muitos outros que não sou capaz de lembrar ou, talvez, não tenha nem percebido. 
Sei, também, que muitos acertos me acompanharam nesse período. O maior deles, talvez, seja a forma de tratar os alunos. Tenho alunos que se tornaram amigos. Alguns frequentam a minha casa. Outros me convidam para festas de aniversário. Muitos me mandam emails ou menções no twitter e facebook para agradecer quando conquistam algo em suas vidas profissionais. Tudo porque os trato como devem ser tratados; com profundo respeito a sua condição de aluno. Nem melhores nem piores do que eu. Nem mais ou menos inteligentes. Como pessoas com experiências diferentes e que sempre podem contribuir para o melhor andamento das aulas.
Como demonstro respeito? Basicamente, me preparando bem para cada uma das aulas. Procuro preparar cada aula como se fosse única. Tento sempre me colocar no lugar do aluno e fazer daquele momento (muitas vezes difícil e posterior a um intenso dia de trabalho) o mais prazeroso possível para eles. Conteúdo e dinamicidade! Brincadeiras e papo sério. Sinceridade, acima de tudo.
E, assim, vou seguindo feliz com essa profissão que escolhi.
Ontem, durante a aula na Pós Graduação em Gestão Pública para os servidores públicos municipais da Prefeitura de Nova Lima, de maneira inesperada, recebi uma homenagem que me deixou sem palavras. Na verdade, segurei um pouco para não chorar e não dar vexame na frente de todos os alunos.
O novo Diretor da Faculdade foi se apresentar e passar aos alunos algumas informações básicas sobre o curso  - a disciplina que leciono abre o curso - e, ao concluir, fez a pergunta básica: "alguém tem mais alguma dúvida, pergunta ou sugestão"? Imediatamente uma aluna se manifestou: "gostaria, em nome da turma, de pedir que o Professor Raphael continue com a nossa turma e, se possível, dê todos os módulos. Estamos todos muito satisfeitos e gostaríamos que ele continuasse. Isso é um consenso na turma".
Como já disse, só não chorei de vergonha. Passou um filme pela minha cabeça. Me lembrei da minha esposa, dos meus parentes e amigos e de todos os professores que despertaram em mim o desejo de ser professor. Recebi o maior reconhecimento que poderia receber (sem desmerecer as vezes em que fui homenageado ou escolhido como paraninfo, que muito me emocionaram também).
Ontem foi ainda mais especial, porque o tal novo diretor (um velho amigo) foi o primeiro que, lá em 2008, me deu a oportunidade de assumir uma sala de aula. Foi uma espécie de "tá vendo? Valeu a pena!"
Mas de que serve tudo isso? Não faço nada em troca de reconhecimento! Aliás, acho que não esperar o reconhecimento de ninguém é uma bela receita para a felicidade. Mas, certamente, homenagens como essa nos inspiram a nos dedicar cada vez mais no processo de aprendizagem que, ao contrário do que muitos pensam, é uma via de mão dupla.