quarta-feira, 14 de março de 2012

O Sind-UTE e o desrespeito com a educação

Há tempos não escrevo nada aqui. A busca pelo equilíbrio na tumultuada (e amada) vida profissional com a, só amada, vida pessoal me afastou um pouco do ambiente cibernético. Aproveitei esse tempo para rever um pouco sobre meu comportamento em redes sociais. Tendo em vista a novidade, toda aopinião ainda deve ser bem avaliada, tendo em vista questões pessoais, profissionais e afetivas.

Infelizmente esse post ainda não é uma volta. Muito menos faz parte daquele objetivo de escrever com frequência. Queria apenas deixar registrada em algum lugar a minha indignação por um fato, infelizmente, político que aconteceu hoje.

Não é novidade pra ninguém que o Brasil necessita urgentemente de uma política de valorização dos professores. Os professores brasileiros têm o terceiro pior salário entre  38 países desenvolvidos e em desenvolvimento comparados em um estudo da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

A luta pela valorização da educação e, consequentemente pelo aumento salarial dos professores, deve ser defendida por toda a sociedade. 


Triste, porém, é ver que essa luta justa, muitas vezes, perde um pouco da legitimidade, por ações que visam apenas atender a interesses partidários.


A última dessas ações que me embrulhou o estômago foi a solicitação do SIND-UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) ao MP, de que proibisse o Governo de Minas de abrir suas escolas durante os três dias da greve nacional da educação.


Tal atitude evidencia a total falta de sensibilidade do Sindicato, bem como demonstra que em nenhum momento este se preocupa com a melhoria da educação. A atitude é autoritária e irresponsável pelas seguintes razões:


1) Os professores que não desejarem aderir a greve ficam proibidos de trabalhar. Qualquer Governo deve respeitar o direito, repito legítimo, dos trabalhadores grevistas. Deve, da mesma forma, respeitar os trabalhadores que não desejam aderir a greve. Fechar as escolas significa proibir os professores que não querem aderir ao movimento de cumprirem suas funções;


2) Uma escola não é formada apenas por professores. Temos vigias, secretárias, pessoas responsáveis pela limpeza, merenda e etc. Fechar a escola significa dizer que nenhum desses profissionais podem trabalhar;


3) Em um país como nosso, onde, infelizmente, muitos chefes de família ainda não têm condições de prover o próprio sustento e o da família com tranquilidade. A merenda escolar é, em inúmeros casos, a refeição única da criança ao longo do dia. Fechar as escolas significa privar essas crianças de uma refeição;

4) É comum, em todas as classes sociais, os pais trabalharem durante todo o dia. Muitas vezes, esses pais trabalham e contam com a escola, para ter certeza de que seus filhos estão em segurança. Fechar a escola significa dizer a esses pais que seus filhos, provavelmente, ficarão na rua durante o dia.

Seja como for, é um absurdo essa solicitação do Sindicato, que, mais uma vez, faz com que um movimento justo perca sua legitimidade.