quinta-feira, 4 de abril de 2013

Sobre Galo 5 x 2 Arsenal - e além de, como diria a Paty

Torcedor de longe
 
Futebol é no campo! O jornalista Flávio Gomes costuma escrever isso em seu perfil no twitter e eu tendo a concordar. Nada como assistir seu time de coração de perto. Ou melhor, é difícil demais assistir de longe.
Nessa minha mudança pra Itajubá, porém, essa é uma das duras realidades que terei que aprender a conviver. Torcer pro Galo à distância. Sem sentir o clima antes do jogo. Sem ver a euforia de muitos torcedores e a tensão em alguns poucos. Sem aquele ritual pré-jogo. A cerveja com os amigos (a maioria eu nem sei o nome) no caminho. A entrada do Galo Doido com as Crianças. A escalação gritada pela torcida... Tudo isso faz muita falta. Realmente, futebol é no campo.
 
Foto: Bruno Cantini (retirada do blog camizadoze.net) 
 
Mas, como nem tudo é perfeito, vou ter que me acostumar a torcer de longe.
Ontem foi um dia assim. A 500 km de distância, passei o dia pensando se o jogo seria exibido em algum bar. Ainda tem isso, aqui, os times do eixo Rio-SP têm a preferência da maioria da população. Fui salvo pelo Bar da Maria.
De longe fica mais difícil xingar, apoiar, cantar... Mas tentei fazer tudo isso. Por outro lado, fica mais fácil ler e escrever no twitter. Mas, futebol é no campo.
 
O Jogo
 
Tenho 30 anos e nunca vi uma identificação tão grande entre time e torcida. O time do Galo tá dando muito gosto de ver jogar. Time compacto, seguro, firme e cheio de talento. Disse, no dia do jogo contra o SPFW, que, se entrarmos motivados, dificilmente perderemos um  jogo. Dentro ou fora de casa. E, mais uma vez, a vontade, aliada ao talento de muitos jogadores, fizeram com que o jogo fosse fácil. Goleada, fora o baile, estampou o jornal Olé. Mais um jogo antológico! Ronaldinho é mesmo um jogador diferente! É uma honra ver tamanho talento defendendo as cores do time que amo! Mas ainda temos Réver e Léo Silva, Donizetti (numa fase impressionante) e Pierre, Tardelli e Jô, que vem se destacando de forma impressionante. Sem a menor soberba, estamos jogando, desde o ano passado, o melhor futebol do País. Esse ano, com a chegada de reforços pontuais, a manutenção e uma motivação maior de nossos craques, estamos mais fortes. Torço para que essa empolgação e esse futebol dure até o final do ano.
 
A comemoração
 
Outra coisa que chama a atenção nesse time, é como o grupo parece unido. Isso fica evidente, nas jogadas dos gols (onde a coletividade supera a individualidade) e em suas comemorações. No jogo contra o Tupi, após fazer o último gol do jogo, Ronaldinho comemorou fazendo careta, clara homenagem aos irmãos Ricky e Alecssandro.
 
Outra foto do Bruno Cantini, desta vez retirada do Diário Lance

 
Ontem, a comemoração foi em homenagem ao Tardelli. Na sua passagem em 2009, o Dom Diego do Galo foi o artilheiro do Campeonato Brasileiro e o narrador Mário Henrique, o caixa, narrava os gols do "9" do Galo imitando uma metralhadora "Ta ta, ta tá, ra ta ta ta, Tardelli neles, Galo".
 
 
Duro é ouvir esse gol e lembrar quem jogava no Galo, rs


 
A partir daí, o matador alvinegro começou a fazer a metralhadora sempre que deixa a sua marca.
 
 
Falar que tal comemoração incita a violência é de uma imbecilidade sem tamanho. O que quer dizer o verbo incitar? Alguém, depois de ver o gol do Galo e por causa dele, vai pensar em pegar uma arma e sair atirando por aí? Muita bobagem pra pouco tempo.
Esse tipo de coisa deixa o mundo mais chato. Se seguirmos a mesma linha do jenio Luis Carlos Jr, poderemos mudar alguns termos do futebol, tais como matador e artilheiro. Devemos censurar as imagens em que Pelé socava o ar e, até mesmo, pedir que nosso adversário de ontem mude de nome.
 
A confusão
 
Parte triste do jogo de ontem foi a confusão envolvendo jogadores argentinos e a Polícia Militar. Sobre isso, gostaria de falar de ambas as partes: argentinos e polícia.
Me incomoda muito, quando esse tipo de situação ocorre e a gente começa a ver uma série de manifestações preconceituosas contra os argentinos. "Ah, tinha que ser argentino". "Ah, esses argentinos são todos assim". "Ah, argentina isso, argentina aquilo".
Menos, gente! Bem menos! As pessoas escrevem essas bobagens e depois vão passear em Buenos Aires e colocar foto no instagram... Não, os argentinos não são assim. Como os brasileiros também não são todos assassinos, como alguns dos que estavam em Oruro. Temos que combater esse tipo de preconceito bobo. A gente vai muito pra lá e é sempre muito bem tratado pelos... Argentinos! Não entremos nessa pilha.
 
Apesar de ser muito chato o ocorrido, vez que não tem nada a ver com esporte, fiquei muito feliz com a atuação da Polícia Militar. A ver pelas imagens, uma atuação serena. Entrevistas calmas e ponderadas. Houve abuso por parte de alguns jogadores e a PM reagiu bem. Sem violência, sem querer aparecer demais. Muito orgulho por ter sido professor de alguns daqueles que ali estavam.
De resto, reitero uma opinião antiga: aquele, certo ou errado, não é o papel da PM. Temos que mudar essa cultura no Brasil. A Policia Militar não deve ser responsável pela segurança de árbitros e nem de torcedores dentro do estádio. Trata-se de um evento privado e a segurança também deve ser.