quarta-feira, 9 de maio de 2012

Ainda um jovem professor

Não é fácil a vida de um jovem professor. Menos ainda a de um professor jovem. Muitas são as dúvidas e desconfianças dos alunos ao se deparar com alguém, muitas vezes, mais novo do que eles. Nesse curto espaço de tempo (comecei a lecionar em 2008) senti na pele todas essas dificuldades. No meu caso, um pouco agravada devido aos sintomas do TDAH. Mas esse não é um post de lamentações...
Creio que a gente vai aprendendo. Sei que cometi muitos erros: não fazia chamada, provas sempre em dupla e com consultas e, certamente, muitos outros que não sou capaz de lembrar ou, talvez, não tenha nem percebido. 
Sei, também, que muitos acertos me acompanharam nesse período. O maior deles, talvez, seja a forma de tratar os alunos. Tenho alunos que se tornaram amigos. Alguns frequentam a minha casa. Outros me convidam para festas de aniversário. Muitos me mandam emails ou menções no twitter e facebook para agradecer quando conquistam algo em suas vidas profissionais. Tudo porque os trato como devem ser tratados; com profundo respeito a sua condição de aluno. Nem melhores nem piores do que eu. Nem mais ou menos inteligentes. Como pessoas com experiências diferentes e que sempre podem contribuir para o melhor andamento das aulas.
Como demonstro respeito? Basicamente, me preparando bem para cada uma das aulas. Procuro preparar cada aula como se fosse única. Tento sempre me colocar no lugar do aluno e fazer daquele momento (muitas vezes difícil e posterior a um intenso dia de trabalho) o mais prazeroso possível para eles. Conteúdo e dinamicidade! Brincadeiras e papo sério. Sinceridade, acima de tudo.
E, assim, vou seguindo feliz com essa profissão que escolhi.
Ontem, durante a aula na Pós Graduação em Gestão Pública para os servidores públicos municipais da Prefeitura de Nova Lima, de maneira inesperada, recebi uma homenagem que me deixou sem palavras. Na verdade, segurei um pouco para não chorar e não dar vexame na frente de todos os alunos.
O novo Diretor da Faculdade foi se apresentar e passar aos alunos algumas informações básicas sobre o curso  - a disciplina que leciono abre o curso - e, ao concluir, fez a pergunta básica: "alguém tem mais alguma dúvida, pergunta ou sugestão"? Imediatamente uma aluna se manifestou: "gostaria, em nome da turma, de pedir que o Professor Raphael continue com a nossa turma e, se possível, dê todos os módulos. Estamos todos muito satisfeitos e gostaríamos que ele continuasse. Isso é um consenso na turma".
Como já disse, só não chorei de vergonha. Passou um filme pela minha cabeça. Me lembrei da minha esposa, dos meus parentes e amigos e de todos os professores que despertaram em mim o desejo de ser professor. Recebi o maior reconhecimento que poderia receber (sem desmerecer as vezes em que fui homenageado ou escolhido como paraninfo, que muito me emocionaram também).
Ontem foi ainda mais especial, porque o tal novo diretor (um velho amigo) foi o primeiro que, lá em 2008, me deu a oportunidade de assumir uma sala de aula. Foi uma espécie de "tá vendo? Valeu a pena!"
Mas de que serve tudo isso? Não faço nada em troca de reconhecimento! Aliás, acho que não esperar o reconhecimento de ninguém é uma bela receita para a felicidade. Mas, certamente, homenagens como essa nos inspiram a nos dedicar cada vez mais no processo de aprendizagem que, ao contrário do que muitos pensam, é uma via de mão dupla.